terça-feira, 20 de maio de 2008

Cerâmica do Douro/Gaia - Uma Imagem emblemática

Cerâmica do Douro - Uma imagem emblemática de V.N.Gaia

Há já um consenso muito alargado de que o nosso património histórico e cultural é um dos factores com maior potencial de desenvolvimento num futuro próximo, pelo que importa definir estratégias e entidades com as quais de devem criar as bases de sustentação para a implementação duma política de divulgação e de fomento de iniciativas, visando melhorar os nossos indicadores sócio-económicos e assumindo a ruptura com a imagem de indigência e atraso cultural com que, muitas vezes, somos conotados.A Cerâmica do Douro, com o seu perfil de fábrica-atelier, constituída para dar continuidade à cerâmica tradicional, tem vindo a participar na construção de uma imagem emblemática de V.N.Gaia, tendo em conta os alicerces em que se vem construindo. O tempo já decorrido desde a criação desta fábrica-atelier (1989) comprova a justeza do objectivo enunciado, quer pelos trabalhos relevantes já produzidos, quer pelo potencial criado de que a comunidade passou a dispor para garantir a continuidade duma actividade com raízes profundas na sua história e tradições.Necessário é, contudo, enquadrar o tipo de produtos que devem ser símbolos duma actividade que se pretenda relevar, com a consequente relação qualidade/preço, na actual conjuntura mundial e da necessária evolução de Portugal enquanto país da União Europeia, pelo que a opção que tem vindo a ser seguida por esta fábrica-atelier é a de que um produto emblemático e com carga histórica e cultural, como é o caso da cerâmica tradicional da região Porto-Gaia, tem de ter a melhor qualidade possível e ser produzido com recursos humanos de elevada formação.A não ser assim, estaríamos a lesar um património herdado de grande significado e não conseguiríamos impor uma imagem condizente com tais pergaminhos. Em palavras chãs, estaríamos a perpetuar o artesão pobre, sujo, roto e analfabeto, sem formação histórica e artística, que produz peças baratinhas com recurso a materiais e processos de menor qualidade.Não é, certamente, este o caminho a seguir para quem quer estar no espaço da União Europeia, até porque na economia globalizada em que nos encontramos não há hipótese de competirmos em produtos de gama baixa e de mercado alargado, se quisermos ombrear com a qualidade média de vida da comunidade europeia.Obviamente, haverá sempre um espaço para estes produtos menos qualificados, mas não deve ser esta a escolha para quem tem a obrigação de defender os valores mais altos que identificam a região.Dentro deste objectivo temos vindo a desenvolver, em conjunto com a Câmara Municipal de V.N.Gaia, uma estratégia, que passa pela deslocalização das nossas instalações para a zona histórica de V.N.Gaia, contribuindo para a revitalização deste espaço (assumido como objectivo prioritário pelos responsáveis autárquicos do nossos município) e beneficiando da sua excelente localização que possibilita um contacto alargado com um público que se situa na faixa-alvo para este tipo de produtos, além de que dispondo de instalações concebidas para visitas turísticas que percorram o circuito fabril, criar-se-á uma imagem de prestígio e valorização, inéditas em Portugal mas com créditos já confirmados noutros países (Ex: Delft na Holanda). Aliás, decorre actualmente, um projecto, com fundos comunitários, a ser dinamizado pelo CENCAL, que tem por tema “Rotas de Cerâmica”- Indústria Cerâmica - Turismo Industrial, Científico e Cultural. Uma das bases deste projecto é a de que “... o turismo industrial cria um posto de trabalho por cada 8.000 visitas a uma empresa além duma série de efeitos directos e indirectos. Em países como a Alemanha, EUA e Japão mais de 60% das empresas proporcionam e organizam visitas para o público em geral”. Indicadores recentes mostram que 30% do comércio externo e 5,5% do P.I.B. da U.E. estão ligados ao turismo cultural, o qual representa já 6% do emprego deste espaço comunitário.Em recente publicação sobre a cerâmica, o Museu Nacional de Soares dos Reis refere:“ Moderna na concepção e apetrechamento, mas mantendo-se na linha das peças tradicionais, a Cerâmica do Douro é hoje a única verdadeira fábrica de louça na área da cerâmica portuense”.

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