O Domínio
do Establishment
Vivemos uma época dominada
por poderes que rejeitam e reprimem qualquer sinal de mudança no modelo de
sociedade vigente. O poder político, através dos partidos políticos, e o poder
económico-financeiro, através das suas instituições, infiltrados por poderosos
grupos de interesses de que o lobby LGBTI é um exemplo, receiam que qualquer alteração
significativa da ordem político-social possa por em causa os seus interesses e
privilégios. Como têm conseguido impor e alargar a sua hegemonia na liderança
mundial, torna-se quase impossível esperar qualquer mudança nas linhas
directrizes que governam o mundo. O actual establishment (ordem ideológica,
económica e política que constitui uma sociedade ou um Estado) está implantado
solidamente.
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Vários exemplos podem ser
apontados como corroborando esta constatação, todos eles bem evidentes e
assumidos, sem rebuço, por responsáveis ao mais alto nível, não havendo já o
pudor de os tentar encobrir. O apoio inesgotável, ilimitado e permanente ao
sector financeiro, a diabolização, descrédito e sabotagem de iniciativas que
não se insiram na estratégia dos poderes instituídos, a sedução e corrupção de
líderes emergentes imbuídos de ideais políticos denominados de “radicais”, o
desencadear de guerras locais para impor poderes “amigos”, a implementação de
políticas repressivas com vista a impedir o surgimento de dinâmicas
alternativas ao status-quo, com mais polícias, mais leis punitivas, mais
intimidação, etc…, são formas usadas para o establishment impor a sua força.
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Por outro lado nota-se a ausência
de procura de soluções profundas para problemas sociais, já que a manutenção
destes problemas ocupa as pessoas que os sofrem e não as liberta para
questionar o modelo. O acentuar da pobreza, resvalando para a escravatura (mais
de 600.000 famílias portuguesas estão em incumprimento por dívidas), reforça a
imobilização dos pobres para se envolverem politicamente na mudança da sua
situação, já que quem está na indigência esgota-se a sobreviver. O impasse na
solução para o negócio da dependência da droga, e o reforço da sua repressão (cerca
de 80% dos reclusos cumprem pena por ligação, direta ou indireta, à droga),
parece um propósito desejado já que obriga a quem está inserido no seu circuito
se ocupe só do “jogo do gato e do rato”, ficando sem tempo e disponibilidade
para outras preocupações. As crianças vivem ao sabor das experiências
sucessivas das novas famílias e dos modelos educativos, que têm muito mais em
conta os interesses dos pais e dos professores do que o superior interesse das
crianças como seres portadores de direitos (mais de 70.000 crianças encontram-se
anualmente em sinalização nas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens). Os
conflitos familiares crescem em catadupa (o número de divórcios e de casos de
violência doméstica aumenta constantemente), traduzindo uma sociedade de
inimizade onde o ódio e a violência marcam presença. A comunidade, em geral,
faz questão de ignorar a desumanidade patente nas prisões como instituições
medievais, arcaicas e indignas dos padrões civilizacionais que se esperariam no
século XXI, utilizando o trabalho dos presos como mão de obra escrava com
pagamento de poucos cêntimos por hora pela produção de bens que são vendidos no
mercado (Portugal (Portugal é dos países da Europa Ocidental com maior taxa de
reclusos em cumprimento de pena – 140 reclusos por 100.000 habitantes, num
total de mais de 14.200 reclusos). A maioria dos poucos que se preocupam com
estes antros de tortura e maus tratos não anseia mais do que dar uma migalha a
quem precisa de muito pão, exultando, até, com esse miserável contributo.
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A mesma comunidade, que,
em grande parte, se reclama de católica, ouve, mas não pratica, a exortação do
Papa Francisco para uma postura ativa de perdão e misericórdia, preferindo a
vingança e a indiferença para com os seus semelhantes.
E, assim, o establishment
vai-se consolidando, autodenominando-se de democrático e diabolizando quaisquer
iniciativas que o possam pôr em causa. As eleições vão surgindo mas os
pretendentes ao poder não fogem das linhas gerais do mesmo modelo, não sendo de
estranhar a elevada abstenção. Para reforçar as suas bases de sustentação,
aceita-se o aumento de conflitualidade pessoal na sociedade (as pessoas
ocupam-se com os seus conflitos pessoais), incrementam-se as diversões que
desviam as pessoas do escrutínio do poder (futebol, telenovelas, concursos e
sorteios televisivos, reality shows como a “Quinta”, etc…, ocupam os primeiros
lugares das audiências), institui-se a repressão e o medo e faz-se tábua rasa
dos referenciais internacionais de direitos humanos. As ONGs, que até há pouco
tempo exerciam um papel de denúncia e contrapoder, foram tomadas por dentro e
são, hoje, instrumentos de sustentação do modelo político-económico-social
vigente, conseguindo, ainda, beneficiar do capital de prestígio e
honorabilidade alcançado no passado. O progresso verificado ao
longo da história tem tido, nos tempos recentes, uma injusta e desigual
repartição, com um aumento escandaloso do fosso entre os pobres e os
ricos.
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Assiste-se, por parte do
establishment, a uma demagógica denúncia dos problemas sociais, tais como o
crescimento da pobreza e da conflitualidade, do desemprego, do surgimento da
escravatura moderna, do sofrimento, da precariedade das condições de vida, sem
que se vislumbre uma procura genuína duma estratégia que vá além dalgumas
acções pífias de pretensos contributos de solução, mas com grandes coberturas
mediáticas como propaganda balofa. Para os interesses instituídos convém não
produzir grandes alterações no actual modelo de sociedade.
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Longe vão os tempos da
esperança em dias melhores para a esmagadora maioria das pessoas. Enquanto os
detentores dos diferentes poderes se entretêm em se sustentarem no poleiro,
cada vez mais enriquecido, os seus súbditos vegetam na procura da
sobrevivência, até ao dia em que se assista a uma convulsão que não será pacífica.
Mas não antevejo quando chegará esse dia. Não vendo grande probabilidade nesta
convulsão social, até porque os poderes instituídos têm refinado a máquina
repressiva e dissuasora, só outras duas hipóteses poderão mudar o quadro
existente, ainda que utópicas: uma catástrofe astronómica (há milhões de anos
que o equilíbrio interplanetário se mantém praticamente inalterável,
nomeadamente no que respeita ao planeta Terra) e o colapso do sistema
informático de que depende toda a organização da sociedade (através, por
exemplo, dum vírus informático que apague todos os ficheiros e ultrapasse todos
os antivírus). Mas qualquer destas três hipóteses só o são teoricamente, não se
vendo, no horizonte, a possibilidade da sua concretização.
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Pressentindo
que o establishment vai incrementar a imposição da sua força, os cidadãos são
chamados para a defesa dos ideais da liberdade, da igualdade e da fraternidade
que vivem dias sombrios. Temos de adaptar o lema ecológico, de reduzir,
reutilizar e reciclar as coisas, para valores humanistas: Reduzir o ódio e a
vingança, Reciclar o perdão e a caridade, Reutilizar a capacidade de amar.
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