domingo, 30 de agosto de 2015

Classes sociais

É mais ou menos consensual a divisão da comunidade humana em três grandes classes (A,B,C): alta (plutocrata), média (burguesia) e baixa (povo). .................................................................................................... A classe plutocrata é constituída por um pequeno grupo, com alguma estabilidade, que faz a sua vida sem grandes sobressaltos, não incomodando nenhum poder exceto na influência que neles exerce para a manutenção e ampliação dos seus bens e privilégios e na garantia da sua segurança. Tem uma postura de isolamento relativamente às outras duas classes sociais utilizando-as e subjugando-as para seu benefício, sentindo alguma aversão para as intromissões dos novos ricos sem pedigree. Os grandes valores humanos são-lhe quase indiferentes e não se incomodam que as suas fontes de rendimento (empresas, órgãos de comunicação social, partidos políticos) alinhem em projectos de defesa desses valores, apoiando-os até, muitas vezes, já que lhes pode acrescentar proventos económicos. A democracia é apenas um conceito a que não dá grande valor, desprezando o voto como forma de eleição dos órgãos de poder. .................................................................................................... A burguesia é a classe social mais temida pelos poderes político, financeiro, económico e cultural. É temida pelo poder político pela sua influência, enquanto dimensão e protagonismo, no “fazer” da opinião pública, sendo facilmente mobilizável e influenciável para a formalidade democrática das eleições independentemente da farsa e demagogia subjacente . É temida pelo poder financeiro devido à sua importância pelo somatório de pequenas economias e poupanças que canalizam para a banca e instrumentos financeiros para que é seduzida. É temida pelos poderes económico e cultural já que, devido ao seu poder de compra, é o sustentáculo das actividades produtivas de bens não essenciais que representam a maior parte do PIB. Caracterizada pela sua subserviência a todos os poderes, alegando que a contestação efetiva exige atos que têm custos que não quer suportar, vê com medo e intranquilidade quaisquer movimentos de opinião que possam ter como consequência a lesão da sua segurança e dos seus pequenos interesses. Os seus membros são fascistas quando o poder é fascista, são socialistas quando o poder é socialista e são liberais quando o neoliberalismo está no poder como acontece actualmente. Coabitam em espaços que contactam com a classe baixa mas têm prurido em se misturar, tentando criar barreiras como a criação de condomínios de acesso reservado e espaços de convívio próprio. Conhecem, em teoria, os valores humanos da liberdade, igualdade e fraternidade mas têm grande relutância no espírito de partilha com a classe baixa. Vivem para o seu umbigo, ainda que muitas das pessoas que a compõem tenham provindo da classe baixa, numa ascensão apoiada, nomeadamente, pelas políticas implantadas após a 2ª guerra mundial. Estão rotinados num quotidiano de emprego, casa com conforto, refeições frequentes em restaurantes, uma ou outra diversão desportiva ou cultural, férias anuais e outras actividades fúteis e irrelevantes. Estão presentes nas estruturas da comunicação social, da educação, da justiça, da saúde, nas ONGs, no pequeno empresariado e áreas afins, detendo uma capacidade de dar execução às ordens provindas dos grandes poderes que os torna incontornáveis na dinâmica que impulsiona o mundo. Tendo crescido em dimensão ao longo da segunda metade do século XX, por ascensão de grupos provindos da classe baixa, encontra-se esta classe média, neste início do século XXI, estagnada e, até, em retracção como consequência da crise económica instalada. ...................................................................................................... O povo é a mais numerosa das classes sociais. Os seus membros vivem um quotidiano de sobrevivência, precário, sofredor e sem perspectivas de futuro. Muitos aspiram e esforçam-se por passarem à classe média mas os últimos anos têm tornado essa ascensão quase impossível. São facilmente influenciados pelas classes alta e média e podem ser perigosos para o status quo quando alguém os consegue liderar, já que o segue sem pruridos de contenção. São explorados pelas outras duas classes a quem prestam serviços e a quem dão a sua força de trabalho, exercendo tarefas essenciais à subsistência da espécie humana. Ocupam os lugares mais baixos do mundo laboral (pescadores, lixeiros, carteiros, operários, trabalhadores rurais, serviços domésticos, tarefeiros, empregados de mesa e da restauração, etc…), concorrendo entre eles pelas migalhas que estas ocupações lhes destinam, alternando períodos de trabalho com períodos de desemprego. Muitos acabam na mendicidade, nas prisões e na exclusão social. Apesar de muitos já terem alguma formação escolar não conseguem dotar-se de capacidade própria de formular decisões ao arrepio da dinâmica dominante, devido ao ambiente de pobreza em estão inseridos que lhes retira apetência e possibilidade de se dedicarem ao seu desenvolvimento pessoal. Os que votam fazem-no na dependência do marketing político sendo inconstantes no seu sentido de voto. Os poderes económico e cultural utilizam-nos apenas como “carne para canhão”, enquanto o poder político manipula-os para lhes arrebanhar o voto. São os escravos dos tempos modernos, a que estão destinadas as crianças e jovens que já são hoje as maiores vítimas deste modelo. ................................................................................................. Com esta caracterização das três classes sociais estamos perante o quadro que modela o mundo actual. A classe alta e alguma classe média vivem, sem grandes preocupações (exceto um ou outro caso de maior consciência humanitária), sobre o trabalho escravo da classe baixa e esta escravatura é a característica mais relevante dos tempos que vivemos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Retrato – Um dia no verão de 2015

Estamos a entrar no final de Agosto (dia 21). Decidi dedicar o dia de hoje a uma dupla função: testar a minha resistência física a uma grande caminhada e ver, com olhos de ver, o que encontrasse pelo caminho. Esteve sol durante todo o dia e quando saí de casa na Quinta das Rosas (Vilar do Paraíso-V.N.Gaia), pelas 12 horas, o calor ainda não era muito. Tinha decidido fazer todo o percurso a pé até à FNAC Santa Catarina no Porto, pelo tabuleiro superior da ponte de D.Luís I, regressando pela ribeira e tabuleiro inferior da ponte. Aproveitaria a caminhada para tratar de três assuntos: trocar o telecomando avariado da TV; fotografar o brasão da família Ferraz Bravo existente na frontaria dum palacete na Rua das Flores no Porto (para executar uma encomenda de peça cerâmica com esse brasão pintado) e comprar sacos plásticos num armazenista da Rua General Torres em Gaia. Foram, na ida e volta, cerca de catorze quilómetros percorridos em três horas e meia. O primeiro objectivo, testar a resistência física, foi alcançado sem grande dificuldade A caminhada foi feita em passo de passeio e o corpo aguentou-se sem queixas de maior. Estou em forma! O segundo objectivo tem mais que contar. Saí pela urbanização da Quinta das Rosas (que não sofreu qualquer alteração nos últimos 20 anos) na direcção do Bairro das Quatrocentas, através da rua de ligação onde, até há cerca de 10 anos, havia um núcleo de barracas de ciganos que o anterior presidente da câmara conseguiu, inteligentemente, promover o realojamento das famílias que lá se encontravam em bairros sociais, mais ou menos pacificamente. Tomei a direção do Largo de Santo Ovídio pela rua nascente do Bairro do Cedro, subindo a escadaria que dá acesso à parte sul da estação do metro, atravessando a rua que liga à auto-estrada A1. Neste percurso nada há a notar de significativo. Iniciei a descida da Avenida da República, onde são notórias as alterações que tem vindo a sofrer: substituição das moradias que foram a habitação tipo moradia até há cerca de 50 anos por prédios de vários andares; eliminação da placa arborizada do eixo central de toda a avenida por um corredor desarborizado por onde circula o metro (substituiu o carro eléctrico que circulou na avenida durante mais de meio século); surgimento dum espaço de maior movimento entre o edifício do Corte Inglês e os paços do concelho de V.N.Gaia. É uma avenida sem identidade marcante que ganha alguma notoriedade a partir do jardim do morro com a entrada no tabuleiro superior da ponte de D. Luís I e, aqui, o movimento de turistas marca significativamente, atraídos pela paisagem que se desfruta, quer a nascente, quer a poente. O mosteiro da Serra do Pilar, agora convertido em quartel militar, mesmo junto à ponte parece não aproveitar muito do caudal humano que nesta transita. Na saída da ponte para entrada no Porto o troço de rua continua, desde há muitos anos, a ser caracterizada por um espaço nada atractivo, feio e desmazelado até ao cruzamento para a sé catedral. Tomei a direcção da Rua Chã rumo à Praça da Batalha. Esta Rua Chã, outrora caracterizada por ter muitas casas de prostituição e a sede da maçonaria no Porto, está agora transformada em espaço onde reinam as casas comerciais que vendem artigos importados do oriente (China e Paquistão nomeadamente) a par com os sobreviventes gravadores, sapateiros, correeiros, peleiros, e casa de comes e bebes onde se destaca a adega Louro com o seu famoso presunto, restando ainda algumas casas onde a mais velha profissão do mundo assenta arraiais. À entrada na Praça da Batalha dá-se o impacto com as massas turísticas que, neste período de verão, inundam toda a baixa da cidade do Porto, desde esta praça até aos Clérigos e desde os Paços do Concelho do Porto até à ribeira. Este turismo, que se assemelha a uma praga, tomou conta desta parte da cidade e deve-se analisá-lo economicamente e sociologicamente. Por um lado está a impulsionar a recuperação arquitectónica da zona que estava em estado adiantado de degradação, de que a Rua das Flores e a Rua Mouzinho da Silveira são exemplo. Por outro lado, está a contribuir para a transformação do comércio tradicional lá existente em cafés, restaurantes e lojas de souvenirs incaracterísticos, com a consequente modificação, para pior, dos recursos humanos lá empregues, já que os empregados dos estabelecimentos agora existentes são, na sua maioria jovens com vínculo precário ou sem vínculo, salários muitos baixos e pouca perspectiva de futuro, apesar de muitos deles terem boa qualificação académica. Esta alteração do modelo económico nesta zona da cidade, que se pode replicar noutras zonas e noutras cidades do país, traz profundas implicações de sustentabilidade e rentabilidade. De sustentabilidade porque rebaixa o potencial das pessoas que emprega hipotecando o seu futuro e retirando potencialidade aos sectores onde poderiam estar a exercer a actividade para a qual tiveram formação académica. De rentabilidade porque como a esmagadora percentagem dos turistas são de baixa e média-baixa gama económica/cultural, o pouco dinheiro que despendem vai para o alojamento e as refeições baratas, razão pela qual não há progresso e crescimento no restante comércio. Como Portugal importa mais de metade dos alimentos que consome, um turismo que se baseia no alojamento e alimentação não se traduz na melhor valorização dos recursos endógenos, pelo que não tem grande efeito no crescimento do sector produtivo da indústria transformadora, base do progresso económico e social. Os maiores beneficiários deste modelo são as cadeias de distribuição alimentar e os serviços turísticos de transporte, cujas sedes de empresas estão no estrangeiro para onde são canalizados os fluxos financeiros de mais valias. Esta política de captação de massas turísticas de baixo poder de compra está a ter um grande efeito na diminuição de salários, na precarização e sazonalização do trabalho e na desqualificação dos recursos humanos. Acresce que muitos dos trabalhadores para este sector turístico de verão são estudantes em férias e estagiários dos cursos profissionais, que aceitam dar o seu contributo por “dez réis de mel coado” (alguns chegam a aceitar trabalhar por 1,5 a 2 euros por hora sem contrato e sem protecção social. Há dias uma articulista do Jornal de Notícias escreveu um artigo sobre esta matéria titulando-o de “Chulice!”). Ora, foi esta realidade que tive a ocasião de apreciar nesta caminhada e que mais me chocou. Para já não falar nas vendedeiras da ribeira que, até há pouco tempo, vendiam, junto ao rio, peixe fresco, hortaliças e frutas, estão agora a vender artigos têxteis produzidos na China e países satélites a preços da “chuva”, ganhando menos agora do que ganhavam dantes. É a pauperização dum povo no seu esplendor. Na FNAC, com poucos clientes, tomei um pingo após o que desci a Rua 31 de Janeiro (dezanove dos estabelecimentos estão entaipados, inactivos, e os restantes quase não tinham clientes) descendo pela Rua das Flores até à ribeira e tabuleiro inferior da ponte D. Luís I, onde o panorama era o atrás descrito. No regresso por Gaia, subi a Rua General Torres (mantém-se igual e pouco atractiva desde há dezenas de anos) após o que retornei pela Avenida da República pelo percurso inverso ao da ida até chegar à Quinta das Rosas. Resta dizer que das tarefas que queria cumprir, aproveitando a caminhada, consegui trocar o telecomando na casa China em V.N.Gaia (na Avenida da República perto do cruzamento com a Avenida Vasco da Gama, cuja designação consta duma bonita placa toponímica num pequeno painel de azulejos com moldura barroca produzido na Cerâmica do Douro), fotografei o brasão dos Ferraz Bravo, mas não consegui comprar os sacos plásticos por o armazém estar fechado para férias.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Que Direito à Felicidade?

Não pode haver tristezas inconsoláveis nem alegrias exclusivas – Frederic Ozanam -. Em tempo de expansão do hedonismo e do egoísmo, importa aprofundar um direito muito glosado por todas as gerações e classes sociais: o direito à felicidade. Para esta abordagem necessário é ter em conta o enquadramento do ser humano na multiplicidade de vertentes que enformam a sua vida, quer na relação variada com os outros, quer na relação com as coisas e factores em que se movimenta. Nesta análise não se pode fugir à questão filosófica, nunca resolvida, de avaliar o que de mais relevante condiciona o comportamento humano: o livre arbítrio ou o determinismo. A partir destas bases, que, facilmente se vê, contêm muito de subjectivo e de acaso, o ser humano vai construindo a sua vida, reflectindo sobre os erros e os êxitos do passado, sem podendo prever com o mínimo de segurança como será o futuro. Assim sendo, como assegurar consistentemente o direito à felicidade? Será que a felicidade se constrói à volta do umbigo de cada um ou a sua construção tem de considerar o mundo que o rodeia? Nos últimos tempos o Papa Francisco tem lançado vários alertas sobre o caminho em que estamos direccionados. Caminho este assente na trilogia que comanda a política neoliberal norteadora do mundo actual: supressão do Estado na economia; enfraquecimento do Estado social; fortalecimento e glorificação do Estado repressivo-punitivo. Neste sentido, o Papa tem demonstrado uma clarividência e uma coragem dignas de nota. Nos cerca de dois anos de Papado, as suas atitudes e pronunciamentos, de que as encíclicas “Alegria do Evangelho” e “Laudato Si” são, por si só, grandes exemplos, têm sido gritos de alerta e de incentivo notáveis, esbatendo o seu passado obscuro de alegada conivência com a ditadura argentina, nos anos de horror de 70 e 80 do século passado, enquanto alto dignatário da Igreja Católica em Buenos Aires, de que o livro “A lista de Bergoglio” deixa em aberto. A sua atitude actual insere-se nos grandes valores do cristianismo do perdão e da misericórdia (“Aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra”Jo-8,7), assim como do direito de todos os seres humanos à dignidade e à justiça social. Estas atitudes recentes do Papa têm sido únicas dentro das posturas dos líderes mundiais importantes e não têm tido respaldo em muitos vultos da igreja católica, de que é exemplo a posição recuada da generalidade dos bispos portugueses, expressa, nomeadamente, nos textos da Conferência Episcopal Portuguesa. As denúncias do Papa sobre as injustiças sociais (pobreza, migrações, desemprego, escravatura moderna, desumanização no tratamento das crianças e jovens, etc…) e sobre as questões ambientais, não deveriam deixar ninguém sossegado mas sim provocar uma exigência de maior solidariedade e fraternidade. Por aqui já se pode ver que o direito à felicidade só pode ser alegado por quem quer ter uma posição autista, centrada sobre si próprio. Como se pode achar que se tem direito ao bem estar sem o partilhar com os que sofrem em muitas casas, em muitos hospitais, em muitas prisões e em muitos lugares do mundo? Já visitei alguns destes sítios onde estão muitas pessoas infelizes e incompreendidas, sofrendo em silêncio ou com gritos que ficam sem resposta. Os órgãos de comunicação social vão-nos relatando, a espaços cuja frequência fica aquém da realidade, alguns destes dramas humanos, mas o que predomina na grande corrente que atravessa o mundo é a futilidade, a cultura hedonista do corpo, que não do espírito, o vedetismo saloio, o entretenimento alienante, o primarismo acéfalo de apelo à repressão, à vingança, ao jogo (as chamadas de valor acrescentado nos programas de TV são disto exemplo) e as doses maciças de desporto que substituiu a religião como ópio do povo numa análise marxista que mantém actualidade. Quando se aceita a prisão como violação da liberdade para, pretensamente, se castigarem os erros e imperfeições dos seres humanos, quando se aceita o sofrimento dos semelhantes como reparação dos males por eles provocados sem atentar nas condicionantes que os proporcionaram, quando se condenam as crianças e os jovens a um futuro incerto que os leva, muitas vezes, a caminhos sem retrocesso de marginalidade e exclusão, como se pode reivindicar o direito à felicidade individual esquecendo que ninguém é capaz de, sozinho, construir a sua vida? Todos dependemos de outros. Ninguém consegue construir a sua felicidade por si próprio. Dependemos da família, da empregada doméstica, dos carteiros, dos lixeiros, dos pescadores, dos agricultores, dos operários e duma panóplia de outras pessoas, normalmente exploradas, com trabalhos precários mal pagos e horários desumanos, e que sem eles e elas ninguém conseguiria viver. O direito à felicidade de cada um só poderá existir quando incluir o direito à felicidade de todos os outros seres, em espírito de partilha e comunhão. Lembremo-nos do lema que nos foi legado por Frederic Ozanam: Não pode haver tristezas inconsoláveis nem alegrias exclusivas.

domingo, 9 de agosto de 2015

Caracterização da sociedade actual

- Sociedade conflituosa, vingativa e repressora, assente em mais polícias, mais tribunais, mais prisões, mais juízes, etc... e mais reclusos. - Sociedade assente em trabalho tipo "escravatura moderna de precários, imigrantes, desempregados, etc...", em que os escravos além dos trabalhos piores ainda têm de pagar impostos, habitação e outros encargos - Sociedade totalitária assente na violência do poder instituído e dos partidos políticos que monopolizam esse poder, com práticas de desrespeito dos direitos dos cidadãos. - Sociedade de confisco, em que quase já só falta pagar o ar que respiramos (e para onde vão os impostos?). - Sociedade que agrava o fosso entre pobres e ricos. - Sociedade hipócrita que assina e ratifica tratados e convenções de direitos humanos e depois não os cumpre. - Sociedade cruel que maltrata as crianças tratando-as de forma desumana e violenta. - Sociedade parasita, que vive da exploração do trabalho e do sangue dos pobres condenando-os à indigência e à exclusão social. - Sociedade anti-democrática em que a maioria da população não quer participar neste modelo e que permite que quem só tem o apoio de 20% da população possa impor aos restantes o seu modelo de governação - Sociedade de impunidade para os que detêm os cordelinhos do poder e seus lobbies, legislando em seu proveito ainda que tal lhes permita práticas e leviandades criminosas. - Sociedade imoral que permite que, nos leilões de bens penhorados pelas mais diversas entidades, certos sanguessugas se apropriem de bens ganhos com muito esforço por quem numa altura difícil da sua vida involuntariamente não conseguiu honrar compromissos de dívida. - Saídas para este labirinto horroroso: - Exigência duma nova ordem política, económica, social e cultural - Prática da desobediência civil (pagar em dinheiro e não com cartões; não pedir recibos; recusar dar dados pessoais; contestar sempre as decisões da Administração Pública; participar em voluntariado livre fora dos esquemas formatados pelo Estado) - Desprezo pelo sistema político vigente, incluindo a abstenção em actos eleitorais. - Boicote ao sistema financeiro (Retirar o aforro e aplicações financeiras dos bancos). - Apoio a organizações e estruturas da sociedade civil que demonstrem coragem na defesa dos direitos humanos universalmente consagrados.

Caracterização do Poder Político – Agosto 2015

- O poder político é corrupto, oportunista, cleptocrático, mafioso, ignorante, desumano e incompetente; - Quem determina o poder político é o poder económico-financeiro. Para tal, coloca medíocres no topo dos aparelhos políticos, que, por sua vez, gerarão outros medíocres. Nunca um medíocre escolheu um competente para trabalhar consigo, já que este suplantá-lo-ia; - O poder político utiliza as eleições como uma farsa de inutilidade, demagogia e falsidade, limitando a escolha ao mais simpático e bem falante mas não ao mais competente. Os eleitores estão longe das raízes dos problemas e das formas de os solucionar, limitando-se a sufragar com uma cruz no boletim de voto; - O poder político fomenta e utiliza trabalho escravo (escravatura moderna em que as pessoas têm a ilusão de serem livres), generalizando a precariedade, o desemprego, a pobreza, a exclusão e a instabilidade social; - O poder político privilegia os setores parasitários das finanças e da grande distribuição em detrimento do trabalho produtivo nos setores primário e secundário; - O poder político explora os trabalhadores dependentes e independentes diminuindo-lhes os rendimentos e aumentando-lhes os impostos; - O poder político pratica uma política fiscal que privilegia o sector financeiro e as empresas multinacionais, penalizando o trabalho e a pequena propriedade (fundos de investimento versus habitação própria ou automóvel); - O poder político utiliza os serviços públicos essenciais como fonte de alto rendimento para os detentores das empresas, praticando preços que os tornam inacessíveis a largas franjas da população; - O poder político retira da esfera pública serviços essenciais (saúde, energia, educação, habitação, água, etc…) entregando-os a privados que não têm como prioridade o seu fornecimento como direitos humanos; - O poder político manifesta insensibilidade alarmante perante os dramas de faixas alargadas da população, nomeadamente os jovens, as crianças e outros grupos vulneráveis; - O poder político utiliza a repressão, o castigo e a prisão como forma de intimidação, sendo insensível às imperfeições do ser humano, não fomentando a prevenção, a socialização e a reinserção; - O poder político considera as prestações sociais como esmolas e não como direitos, tornando esta área como mais uma fonte de negócios; - O poder político anestesia e infiltra as ONGs, desmobilizando-as, descaracterizando-as e retirando-lhes capacidade de intervenção; - O poder político seduz o sector religioso e sócio-caritativo com concessões e benefícios “comprando” a sua possibilidade de influência; - O poder político assalta os órgãos de poder público e privado colocando as suas marionetas nas posições de comando, hegemonizando todo o poder efectivo; - O poder político utiliza uma estratégia de exercício do poder que tapa a possibilidade de surgimento de qualquer alternativa com possibilidade real de alterar o status quo.