segunda-feira, 17 de abril de 2023

Celebrar o 25 de Abril de 1974 em 2023

O que é que eu celebro?
- celebro a liberdade de expressão, de associação e de manifestação;
- celebro o fim da guerra colonial e o anseio do fim de todas as guerras;
- celebro o desejo da igualdade entre todas as pessoas, sejam elas de etnias, raças e identidades sexuais diferentes;
- celebro o desejo de viver com acesso aos bens e serviços públicos essenciais;
- celebro o reconhecimento das crianças como seres portadores de direitos com a abolição de tratamentos indignos e de maus tratos;
- celebro o entusiasmo do povo em participar numa revolução que trouxesse melhores condições de vida;
- celebro a construção do caminho que levou ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, ao Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais, à Convenção dos Direitos da Criança, à Convenção contra a Discriminação das Mulheres e a outros referenciais de direitos humanos.

O que não celebro?
- não celebro o agravamento das desigualdades em 2023;
- não celebro a existência de pobreza e de sem abrigo em 2023;
- não celebro viver numa sociedade hipócrita, egoísta, policial, repressiva e punitiva como a que existe em 2023;
- não celebro as limitações à liberdade independentemente dos pretextos invocados como acontece em 2023;
- não celebro a frustração das limitações à liberdade de acesso à informação, como a que a guerra na Ucrânia veio trazer com a institucionalização da censura em 2022 que continua em 2023 (ex: canal 214 da NOS);
- não celebro a degradação dos serviços públicos da educação, saúde, justiça, habitação e outros como existe em 2023;
- não celebro o desrespeito dos referenciais de direitos humanos arduamente construídos na segunda metade do século passado.

Finalmente, celebro a Declaração Universal dos Direitos Humanos que, no seu artigo primeiro, condensa todas as grandes filosofias humanistas, do cristianismo ao budismo, de Voltaire a Nelson Mandela, de Nietzsche a Sofia de Melo Breyner Andresen: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade".

Como cantei numa das músicas criadas após o 25 de abril: Só há liberdade a sério quando houver paz, pão, habitação, saúde, educação.

Viva o 25 de abril de 1974!

Viva a liberdade, a igualdade e a fraternidade!