terça-feira, 20 de maio de 2008

Que Água Beber?

Que água beber?
Alguns Contributos
Sendo a água o elemento físico mais abundante da natureza, e aquele com que os seres vivos mais contactam, quer como fonte de alimento, quer como agente utilitário nos mais variados fins, ainda são pouco conhecidas e divulgadas as características da água com as suas diferentes composições e apresentações comerciais. Acresce ainda o seu carácter de elemento imprescindível aos seres humanos, o que deveria suscitar da parte destes um interesse acrescido em saberem o que bebem.Ouvimos, quase sempre, nos estabelecimentos de venda e consumo, ser pedido “uma água sem gás” ou “ uma água gaseificada”, sem serem tidas em conta as enormes diferenças entre as composições das águas que se encontram no mercado. Por outro lado, assiste-se a uma quase repugnância, ou a uma assumpção do estado de indigência económica, quando se é confrontado com o consumo, para beber, da água da rede pública de fornecimento, quando, na generalidade dos casos, esta tem características mais recomendáveis para a saúde do que muitas águas comercializadas com marcas sonantes que as impõem quase como remédio. Também aqui, a ignorância, a comodidade de não querer gastar tempo em saber, a cedência à força do marketing, a teimosia em não abdicar de ideias feitas ou de sabores viciados, leva a que os consumidores gastem mais dinheiro com água sem conhecerem as suas características e efeitos.Ora vejamos apenas alguns desses aspectos a que deveríamos estar atentos.Todas as águas existentes no mercado, quer as fornecidas pelos serviços públicos, quer as vendidas nas superfícies comerciais, contêm, na sua constituição, mais do que aquilo que é a água quimicamente pura – H2O. Por isso, é legalmente obrigatória a informação, por edital, divulgação na Internet, no recibo mensal ou no rótulo das embalagens, dos valores de certos teores de elementos que se encontram na água.O Dec. Lei 243/2001 (que, eventualmente, poderá sofrer alterações em consequência da aprovação pelo Governo da proposta da nova Lei da Água e que vai ser apreciada pela Assembleia da República), transpõe para o direito interno a Directiva Comunitária nº 98/83/CE e define os parâmetros microbiológicos, químicos e indicadores dentro dos quais se devem encontrar esses elementos.Um dos elementos identificadores da água é o índice de acidez (ph). Trata-se da caracterização, ácida, alcalina ou neutra da água. Os valores inferiores a 7 indicam que a água é ácida e os compreendidos entre 7 e 14 indicam que a água é alcalina. O valor 7 indica que é neutra.Todos já tivemos a percepção deste sabor ácido ou alcalino da água, que, além do sabor, pode afectar a saúde. Os valores paramétricos definidos no diploma legal acima citado indicam que o ph da água para consumo humano deve situar-se entre 6,5 e 9. Duma amostragem efectuada entre 20 fornecedores do sistema de abastecimento público e 20 marcas de água engarrafada mostra-se que todas as águas de abastecimento público se encontram dentro destes valores enquanto nas águas engarrafadas à venda nas superfícies comerciais o valor era inferior em 15 marcas. É certo que o diploma legal admite em nota de rodapé, sem justificação científica, que “ Para água sem gás contida em garrafas ou outros recipientes o valor mínimo do ph pode ser reduzido para 4,5 unidades”, pelo que não se pode falar em ilegalidade mas em valor abaixo do valor paramétrico estipulado como regra.Um outro elemento importante presente de forma desigual em todas as águas é o sódio (Na). Como todos sabemos, o sódio é um elemento necessário para um bom equilíbrio fisiológico mas o seu excesso pode danificar os rins e incrementa as possibilidades de hipertensão arterial. Na amostragem feita em fornecedores do sistema de abastecimento público encontraram-se valores situados entre 10 e 20 mg/l e nas águas engarrafadas entre 3,4 e 644 mg/l. O valor paramétrico definido no diploma legal citado é de 200 mg/l.Também existe uma sensibilidade fácil para uma outra característica da água que é a sua dureza, apesar deste valor não ter consagração legal como valor paramétrico. Um mineral que especialmente contribui para a dureza da água é o cálcio, sendo a dureza medida em miligramas de carbonato de cálcio por litro de água. Quando uma água contém menos de 75 mg/l considera-se macia, entre 76 e 150 mg/l considera-se moderadamente dura, e com mais de 150 mg/l considera-se uma água dura. Por outro lado, o cálcio é importante como elemento constituinte do esqueleto humano e dos dentes, sendo a sua deficiência a causa da osteoporose. Os valores ideais de cálcio devem situar-se entre 20 e 50 mg/l. Os valores encontrados nas águas observadas variam entre 0,34 e 133 mg/l . Outros elementos existentes na água que bebemos podem trazer implicações sérias para a saúde. O alumínio e o mercúrio são os mais falados e de que, infelizmente, vários casos mortais têm vindo ao conhecimento público. Mas, também, são importantes o Potássio (ajuda a prevenir os acidentes vasculares e a diminuir a tensão arterial), o Cloro ( os valores encontrados variam entre 2,1 e 234 mg/l, sendo o valor paramétrico de cloretos de 250 mg/l Cl), o Cádmio, os Fluoretos, etc… .E tudo isto sem falar numa situação, infelizmente, frequente, que é o da contaminação microbiológica ou da polémica ainda não cientificamente clarificada nas implicações para a saúde das águas desmineralizadas.Sendo assim, importa que façamos a escolha da água que melhor características tem para a nossa saúde, tendo em conta que, muitas vezes, temos à nossa mão água mais barata, acessível e com boas características, não sendo necessário gastar mais dinheiro com águas que, nem sempre, são melhores.E porque não damos mais atenção à água que bebemos?
Julho de 2006

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