terça-feira, 20 de maio de 2008

As Grandes Causas Estão a Ser Postas em Causa

As Grandes Causas Estão a Ser Postas em Causa

Atravessamos um tempo em que se assiste ao pôr em causa grandes causas que eram indiscutíveis até há pouco tempo e cuja assumpção, pela comunidade das nações, foi construída com o objectivo de dotar a humanidade de referenciais de cidadania, os quais se encontram explícitos nos tratados, convenções, declarações e protocolos internacionais que são motivo de orgulho para todos aqueles que colocam o ser acima do ter. E que causas são estas que estão a ser postas em causa? A Paz, a Liberdade, a Justiça, a Dignidade, a Solidariedade, a Educação, A Moral, a Ética, o Amor , a Fé, etc..., sendo pilares necessários à solidez das relações humanas, correm o risco de se desagregarem, já que assistimos, com justificações em que se encontra ausente a sensatez e a sabedoria, à tentativa da sua subalternização por pseudo valores que se querem colocar acima do Homem, quando deveriam estar ao serviço do Homem.É parte integrante do nosso trabalho iniciático, a exortação da paz, do amor e da alegria. Fazemo-lo sempre antes do encerramento dos trabalhos e deveremos ter isso sempre presente nas nossas relações no mundo profano.Estes valores não têm compatibilidade com a repressão, a exclusão, o egoísmo, a crueza e a intolerância que têm vindo a ganhar importância crescente no mundo em que vivemos. Quase parece que a ambição, o exercício do poder e ansiedade pelo ter, retiram o discernimento necessário para se entender o que representa esta nossa passagem fugaz pelo mundo terreno. Maomé, na véspera da sua morte, foi informado que no templo havia grande agitação entre aqueles que se consideravam candidatos à sua sucessão. Maomé, reunindo as suas últimas forças deslocou-se ao templo e disse: “Não se deixem dominar pela ambição. Com a minha morte eu apenas me antecipo na partida. Mais cedo ou mais tarde vocês seguir-me-ão” .Infelizmente, parece que este alerta de Maomé não está presente na grande corrente que hoje conduz o Mundo. Os grandes valores que dão sentido à vida, como a honradez, a fraternidade, o trabalho, a afeição, a gratidão, etc..., não podem ser substituídos pela tecnocracia, pela tirania e pela avidez que conduzem à infelicidade e ao conflito.Sabendo nós o que representam os pilares da força, da beleza e da sabedoria, utilizemo-los na construção do edifício da verdade em que se têm de abrigar todos os seres humanos.Todos aqueles que prezam o caminho do bem têm responsabilidades acrescidas nessa construção. Temos de ser vigilantes no apontar do caminho para os jovens que se iniciam na vida (aprendizes que desbastam a pedra bruta). Temos de ser mestres para não deixar que a construção não seja justa e perfeita.Não nos podemos demitir dos compromissos que juramos assumir. Guiemo-nos pela luz do Oriente.
Fevereiro/2003

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