quinta-feira, 7 de julho de 2011

AMNISTIA INTERNACIONAL - 50º aniversário

Estava-se a entrar na década de sessenta do século XX e o advogado católico inglês Peter Benenson leu uma notícia de que em Portugal tinham sido presos dois estudantes por gritarem Viva a Liberdade (Como eu próprio testemunhei era-se preso pelas razões mais comezinhas). Este facto chocou Peter Benenson o que o levou a entrar na Igreja de S.Martin-in-the-Fields, em Londres, para reflectir sobre a melhor forma de ajudar pessoas que em todo o mundo eram perseguidas apenas por razões de consciência e decidiu fazer uma reunião com alguns amigos para o ajudarem neste propósito. Um desses amigos era director do jornal inglês "Observer" que disponibilizou toda a primeira página duma edição do jornal para uma notícia sobre o assunto. Tal publicação veio a acontecer no dia 28 de Maio de 1961 e essa 1ª página foi completamente preenchida com um artigo sobre os prisioneiros esquecidos. A notícia teve grande impacto mundial e deu origem ao nascimento duma organização que se chamou Amnesty International, tendo rapidamente criado secções nacionais em muitos países.
Em Portugal não foi logo possível criar uma secção nacional já que o regime político vigente não autorizava a constituição de associações desta natureza. Só após o 25 de Abril de 1974 foi possível desencadear o processo da criação duma secção portuguesa o que veio a acontecer a 18 de Maio de 1981 com o nome Amnistia Internacional.
Esta organização tem granjeado ao longo da sua vida o reconhecimento como organização séria, isenta, imparcial e independente dos poderes políticos e económicos. O seu trabalho em prol dos direitos humanos universalmente consagrados, quer sejam os de natureza civil e política, quer sejam os de natureza económica, social e cultural, a promoção e divulgação desses valores, assim como a defesa e ajuda às vítimas de violações de direitos humanos em todo o mundo, constituem um referencial humanitário de grande relevância, tendo-lhe já sido atribuído o Prémio Nobel da Paz em 1977, além de outros reconhecimentos nacionais e internacionais. O seu relatório anual, que sintetiza o panorama internacional sobre os direitos humanos, é sempre objecto de grandes referências na imprensa mundial e motivo de preocupações para os Governos já que têm de justificar as acusações de que são alvo.
Passados 50 anos da sua criação esta organização continua a ser necessária para que as pessoas saibam que ela vigia o cumprimento das obrigações do Estados sobre os direitos que temos e que têm de ser respeitados. A evolução de muitos aspectos da vida quotidiana traz novos riscos à observância dos direitos humanos. O crescente envolvimento de meios informáticos na vida das pessoas violando a sua intimidade e privacidade, o recurso a meios repressivos intoleráveis com o pretexto de combater o fenómeno da insegurança e da inobservância das leis, a pouca eficácia no combate à pobreza e exclusão social, são exemplos da actualidade no que diz respeito à necessidade do activismo de organizações com a A.I.
Neste mês em que se comemora o 50º aniversário da organização e o 30º aniversário da secção portuguesa, devemos congratularmo-nos com tais efemérides e associarmo-nos às acções que estão a ser levadas a efeito e que podem ser consultadas na sua página na Internet www.amnistia-internacional.pt.
Obrigado Peter Benenson (entretanto falecido) por há 50 anos ter sido sensível ao sofrimento de pessoas desconhecidas doutras partes do mundo e obrigado aos membros da secção portuguesa da Amnistia Internacional que há 30 anos fizeram com que Portugal passasse a contar com tal organização no seu seio.
Aos membros actuais fica a exortação de que temos de manter a chama viva.
Parabéns Amnistia Internacional.

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