quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Crianças e jovens: Que Futuro?
Foram divulgadas recentemente estatísticas relativas à situação dos jovens na
União Europeia, ficando-se a saber que 14 milhões de jovens (260 mil só em
Portugal), entre os 15 e os 29 anos, não estão a trabalhar, nem a estudar, nem
a receber formação (os chamados NEET - not in employment, education or
training) e que, em 2011, dos 94 milhões de jovens europeus, dessa faixa etária, só 31 milhões estavam empregados.
Ficamos, também, a saber que em Agosto último Portugal registava uma taxa de
desemprego de 35,9% nos jovens desta faixa etária e que 55% dos que tinham
alguma ocupação laboral estavam com contratos temporários. Além de que estão a
emigrar cerca de 100.000 portugueses por ano, na sua maioria jovens qualificados.
Esta realidade é aterradora e deixa, de forma bem clara, a imagem do drama que
atravessam as famílias com jovens nestas circunstâncias, quase se podendo dizer
que rara é a família que não está a ser tocada por esta tragédia. Para já não
falar na odisseia daqueles jovens que ainda não desistiram de procurar
ocupação, com o envio de centenas de currículos para tudo o que é empresa ou instituição e o calvário de entrevistas sem fim ou deslocações a centros de selecção e emprego.
No dia 19 de Novembro celebra-se o 23º aniversário da Convenção dos Direitos da
Criança. Neste referencial jurídico, que obriga os Estados Partes, está estabelecido
que “ Artº 27º-1. – Os Estados Partes reconhecem à criança o direito a um nível de vida suficiente, de forma a permitir o seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social”. Sendo isto obrigatório para todos os Estados que ratificaram esta Convenção (entre os quais está Portugal) aqueles que não têm tomado as medidas políticas
a que estão obrigados têm de ser responsabilizados pelas consequências que
estão a penalizar os jovens. Como podem os responsáveis políticos exigir dos
cidadãos o cumprimento das suas obrigações se eles próprios dão um exemplo flagrante de irresponsabilidade?
O relatório da União Europeia alerta para o risco de estes jovens se tornarem
política e socialmente alienados, sobretudo quando o desemprego de longa
duração assume tais proporções alarmantes, aludindo a denominadores comuns como
o stress psicológico, o isolamento, a adopção de comportamentos de risco e
abstencionismo eleitoral, concluindo a Comissão Europeia que o que em última
instância está em perigo é a própria democracia, dada a tendência comprovada de
estes jovens se afastarem dos partidos políticos e dos sindicatos e aderirem a
movimentos propensos a protestos radicais.
Resta a pergunta: E não é justo que os jovens se revoltem? (E de que está à espera a Comissão Europeia para adoptar políticas que invertam este cenário? Ou já ficam satisfeitos por virem dar testemunho público da sua incompetência e da sua errada política de prioridades?).
Com que sentimento iremos comemorar o 23º aniversário da Convenção dos Direitos da Criança se muitos dos jovens que têm hoje 23 anos se encontram sem futuro promissor à sua frente?
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