quarta-feira, 7 de abril de 2010

As crianças são as maiores vítimas da violência nas escolas

As Crianças são as Maiores Vítimas da Violência nas Escolas


Tem vindo o País a ser alertado para o problema da violência escolar e todos nós temos obrigação de estarmos atentos aquilo que rodeia as nossas crianças.
Sou avô de dois netos e pai de duas filhas, pertencendo aquilo a que se convencionou chamar de família tradicional, e fiquei preocupado com o centrar da culpabilidade da violência escolar nas crianças.
Da minha experiência retiro a convicção de que as crianças são as menos culpadas, já que antes temos de averiguar qual a responsabilidade da sociedade no seu todo (responsáveis políticos, pais, familiares e professores). E os exemplos que estão por todo o lado destas entidades não são os mais recomendáveis. Como podemos exigir das crianças respeito pelos colegas e pelos professores se os membros dessas instituições da comunidade se insultam, caluniam e agridem impunemente, sendo um mau exemplo de cidadania? Como podemos querer que as nossas crianças se pautem pelo respeito de valores éticos e comportamentais se aquilo que vêem nos adultos com responsabilidades é o contrário do que lhes é exigido? Como queremos que as crianças respeitem os professores se aquilo que vimos nos últimos anos nas relações entre estes e o Governo foi o que se pode dizer de mais anti-pedagógico e não fomentador dum clima de paz, civismo e concórdia?
É urgente respeitar as crianças e não lhes imputar culpas que são mais exigíveis aos adultos. O estatuto do aluno não deve ser alterado retirando aquilo que defende as crianças. Não é o estatuto do aluno que está errado. O que está errado são os maus exemplos dados pelos adultos, havendo que responsabilizar os pais e os professores pela sua incompetência e irresponsabilidade.
No meio de tudo isto as crianças são as maiores vítimas.
As crianças são o elo mais fraco da cadeia até porque não têm voz audível, não votam, nem podem ameaçar fazer greve. Querer agora colocá-las ao nível dos criminosos mais graves, atribuindo o estatuto de crime público às reacções das crianças em meio escolar é uma violência e uma desproporcionalidade que me choca. Além de ser uma forma de admissibilidade de fraqueza por parte dos professores, inadmissível em quem quer ser responsável pela nobre tarefa de participar na educação de crianças.
Porque estamos obrigados a respeitar a Convenção dos Direitos da Criança (Portugal é Estado-Parte), tenhamos cuidado na fragilização da condição das crianças.
É arrepiante que as crianças, quando ouvem os noticiários, sintam que os responsáveis políticos as estão a culpar por coisas cuja responsabilidade é, em muito maior grau, de quem as culpa.
Nunca esqueçamos o que Fernando Pessoa nos deixou em legado sobre as crianças. "Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do Mundo são as Crianças".


22 de Março de 2010

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